Ineficiência policial coloca em risco segurança nos estádios da Copa 2014
Mauro Horita/Agif/Estafão Conteúdo
Confusão entre são-paulinos e PMs terminou em briga generalizada no jogo contra o Corinthians
A oito meses da Copa do Mundo
de 2014, o Brasil vive uma explosão de violência das torcidas
organizadas. No último domingo (13), em Belo Horizonte, São Paulo e
Fortaleza, três das 12 cidades-sede, houve confrontos dentro e fora dos
estádios. Em um passado recente, também foram registradas brigas
sangrentas em Brasília e Curitiba. Mais que a impunidade dos envolvidos,
o que impressiona é a ineficiência das forças de segurança na prevenção
das ações desses grupos.
E isso ficou evidente no Independência, quando as organizadas Máfia
Azul e Pavilhão Independente, ambas do Cruzeiro, se enfrentaram no
espaço reservado à torcida visitante antes do clássico contra o
Atlético.
Nos jogos da Raposa no Rio de Janeiro e São Paulo, por mais que possa parecer prova da irracionalidade, as duas facções foram separadas pelas PMs locais.
“Nós não temos que separar as torcidas. O Cruzeiro tem muitas e
teríamos que fazer pelo menos três divisões. Ou os torcedores aprendem a
se comportar, ou teremos que propor ao Ministério Público a extinção das organizadas”, afirma o coronel Antônio Carvalho, Comandante do Policiamento Especializado.
Para o sociólogo Maurício Murad, autor do livro “Para entender a violência no futebol”, as cenas do último domingo são frutos da omissão do poder público brasileiro em relação ao assunto.
“Não temos um plano nacional
para reprimir ou prevenir as ações desses grupos. Não fazem nada. E o
que vemos, a oito meses do Mundial, são cenas tristes, de vandalismo,
transgressão, justamente em cidades que serão sedes da Copa”.
Para o sociólogo, a punição dos clubes, com perda de mando de campo, é
válida, mas aparece neste momento como a única medida. “É necessário um
conjunto de três ações. Em curto prazo, a repressão; a médio, a
prevenção; e a longo, a reeducação. Combinando isso, podemos controlar a
violência no futebol brasileiro”, afirma Murad.
Preocupação
Apesar de o setor público afirmar que a segurança na Copa do Mundo não
será um problema, Maurício Murad afirma que a falta de prevenção nos
confrontos recentes preocupam, sim, para a Copa do Mundo. “Não temos um
plano eficiente, eficaz e isso não se faz da noite para o dia”, critica
Murad.
“Teremos aqui milhares de torcedores de países rivais. Estamos correndo
um risco muito grande sim. Podemos ter argentinos e ingleses num mesmo
estádio”, frisa o sociólogo.
Murad lembra ainda de um outro aspecto: “A Fifa não vai promover fan
fests? Como será a segurança nesses locais, com 20 mil, 30 mil pessoas
em volta de um telão? Quem garante que esses grupos que brigam nos
estádios não estarão lá?”
Impunidade alimenta a violência no futebol
Na edição do último dia 6, o Hoje em Dia mostrou que
cinco torcedores do Cruzeiro punidos pelo Tribunal de Justiça (TJMG) com
apresentação obrigatória ao Juizado Especial Criminal nos dias de jogos
do clube não cumprem a pena. Quatro deles se envolverem em uma briga
entre Máfia Azul e Pavilhão Independente.
A impunidade é o combustível da violência no futebol brasileiro,
segundo o sociólogo Maurício Murad. “A legislação brasileira permite que
se infiltre policiais nessas organizadas violentas para que se possa
identificar esses núcleos de marginais, que têm ficha na polícia, que
provocam brigas. Porquê isso não é feito?”
Segundo Murad, que morou por cinco anos na Europa, o comportamento
entre o torcedor do Velho Mundo e o brasileiro é o mesmo. “A diferença é
a impunidade. O vandalismo e a irracionalidade são iguais”.
De acordo com a Secopa, estudos contemplam várias situações para o
Mundial, inclusive as torcidas organizadas. Em nota, a Fifa disse que a
segurança interna nos estádios da Copa contará com 18 mil agentes, com
pelo menos mil por jogo. Além disso, haveria vários recursos
tecnológicos para evitar a violência.
Cronologia
18/8 – Um são–paulino é espancado por flamenguistas no estacionamento do Mané Garrincha, em Brasília.
25/8 – Briga entre vascaínos e corintianos levou pânico a quem estava nas cadeiras do Mané Garrincha.
6/10 – Duas facções de torcidas do Atlético–PR brigam no intervalo do clássico com o Coritiba.
13/10 – No Independência, organizadas do Cruzeiro
brigaram. No Morumbi, são–paulinos brigam com a PM. No Castelão,
torcedores do Fortaleza, que não subiu à Série B, quebraram cerca de 3
mil cadeiras.
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