Governo de SP quer transferir presos da cúpula do PCC e investigar policiais corruptos
Marcelo Camargo/ABr
Alckmin deve criar uma equipe especial da corregedoria para investigar policiais ligados à facção
SÃO PAULO – O governador Geraldo Alckmin, se reuniu nesta segunda-feira (14) com a cúpula de segurança
do estado para definir ações diante das denúncias do Ministério Público
do Estado de São Paulo (MP-SP) envolvendo a organização criminosa
autodenominada Primeiro Comando da Capital (PCC). Alckmin anunciou a
criação de uma equipe especial da corregedoria para investigar os casos
de policiais ligados à facção e disse que apoia a remoção de detentos
integrantes da organização para presídios do Regime Disciplinar
Diferenciado (RDD).
O MP-SP denunciou 175 pessoas por participação no grupo criminoso que
age dentro e fora das penitenciárias do estado. A denúncia, feita em 11
de setembro e divulgada na última sexta-feira (11), atribui aos acusados
a prática de crime de formação de quadrilha armada para o tráfico de entorpecentes,
crimes contra o patrimônio e contra a vida de agentes públicos, além da
aquisição, posse e manutenção de armas de fogo. Os promotores pediram a
prisão preventiva de todos os denunciados, mas a Justiça indeferiu a
solicitação. O MP-SP recorreu da decisão.
Participaram da reunião no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista, o secretário da Segurança Pública,
Fernando Grella Vieira, o comandante da Polícia Militar, coronel
Benedito Roberto Meira, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício
Blazeck e o secretário de Administração Penitenciária, Lourival Gomes.
Grella disse que recebe na terça-feira (15) o conteúdo das
investigações do MP-SP para começar a tomar providências com relação aos
policiais corruptos ligados à facção criminosa. O secretário informou
não ter conhecimento sobre o número de policiais envolvidos com o crime,
mas que, em 2013, foram mais de 100 homens afastados por práticas ilegais, somando policiais civil e militar.
Alckmin mostrou apoio do governo
à transferência dos líderes do PCC para os presídios de segurança
máxima, onde é praticado o temido RDD. “O governo tanto apoia, que o
pedido foi da Secretaria de Administração Penitenciária. Nós fizemos as
penitenciárias para líderes de facção criminosa”, declarou.
Segundo Grella, existem 33 pedidos de transferências para o RDD. Ele
disse que, no caso de o pedido ser negado pela Justiça, o estado não
cogita pedir transferência para presídios federais.
O governador destacou outras medidas para combater as ações do PCC,
como a criação de uma força tarefa, que executará ações de inteligência
entre as policias. Alckmin disse que até dezembro serão instalados, em
23 unidades prisionais, os bloqueadores de celulares. De acordo com ele,
o processo de compra dos bloqueadores deve terminar em novembro e que,
no final do ano, começa a instalação.
O governador informou que testes com os bloqueadores foram feitos com
auxílio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nos presídios
de Pinheiros, Belém e Guarulhos. O que impedia a instalação dos
aparelhos, disse o governador, era a falta de tecnologia. “Nunca teve
tecnologia adequada, ou não bloqueava ou bloqueava o bairro inteiro”,
declarou ele.
O comandante da PM informou que não pretende mudar a ação da polícia
durante protestos, diante das denúncias de que o PCC esteja infiltrando
criminosos nas manifestações de rua com o objetivo de atingir os
policiais. "Não acredito que haja líderes infiltrados nas
manifestações", disse ele.
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